Por que a formação em Psicologia não pode ser totalmente EAD?
- Fernanda Marcondes
- há 4 dias
- 1 min de leitura
A formação em Psicologia exige muito mais do que o domínio de conteúdos teóricos. Trata-se de uma profissão voltada para o cuidado com o outro, para a escuta sensível e para a atuação ética diante do sofrimento humano. Por isso, o curso de graduação em Psicologia deve proporcionar vivências práticas, supervisão presencial e construção de habilidades interpessoais — aspectos que não podem ser plenamente desenvolvidos por meio de uma formação 100% a distância.
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para a Psicologia, estabelecidas pela Resolução CNE/CES nº 5/2011, deixam claro que a formação deve incluir estágios supervisionados e práticas presenciais. A interação entre professores, alunos e usuários dos serviços psicológicos é essencial para o aprendizado das competências clínicas, organizacionais, escolares, comunitárias e tantas outras áreas de atuação do psicólogo.
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) também se posiciona contrariamente à oferta de cursos de Psicologia 100% EAD. Em diversas notas públicas, o CFP destaca que a formação remota compromete a qualidade do ensino e não garante a ética no exercício da profissão. Em 2022, o Conselho repudiou a autorização do MEC para um curso EaD em Psicologia, e, pouco depois, o próprio ministério suspendeu a medida, reconhecendo o erro.
Mais recentemente, em 2024, o MEC publicou uma portaria suspendendo a criação de novos cursos de graduação EAD até março de 2025 — o que reforça a necessidade de reavaliar critérios de qualidade na educação a distância.
A Psicologia, como profissão essencial à saúde mental da população, demanda um compromisso com a formação sólida e humanizada. Por isso, manter a presencialidade não é um capricho: é uma exigência ética, técnica e social.
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